quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ANO ESCUTISTA 2009/2010
Caminhar é viver valores
II ANO DO PLANO TRIENAL «DAR SENTIDO AO CAMINHO»
VALORES

Não há caminho seguro sem referências, tal como não há construção firme sem alicerces. Os valores são, na caminhada da vida, os alicerces do edifício espiritual que queremos construir para Deus.
Buscamos especialmente os valores perenes, aqueles que, mesmo quando a humanidade ainda deles não tinha consciência, já existiam, e que nunca hão-de deixar de existir.
É o caso do amor. «Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele» (1Jo 4,16). Na óptica cristã, «amar» é sinónimo de «dar». Como sintetizava o Papa Bento XVI na sua primeira Encíclica «Deus caritas est» («Deus é amor»), o amor compreende três grandes dimensões: eros, philia, e agape [1] Na descoberta das três dimensões complementares está a descoberta do amor que vem de Deus.
É o caso da vida humana em todos os seus estágios. O escuteiro cristão é um acérrimo defensor da vida em geral e da vida humana em particular. Vale tanto a vida intra-uterina como a vida adulta activa, assim como a vida no ocaso desta peregrinação terrena, com ou sem saúde[2].
É o caso da família. A família, também chamada «Igreja doméstica», é o núcleo central do qual germina o que havemos de ser. A família é, ainda, a célula base da sociedade, e da sua saúde e fecundidade depende o futuro de todos[3].
É o caso da verdade. O mundo carece de verdade. O Homem só é livre quando aceita a verdade (Gl 5,1-15; Ef 4,25). «…A verdade vos tornará livres» (Jo 8,32). Cristo, que se apresenta como «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6) convida cada um a escolher a verdade, no caminho, para chegar à vida em abundância (Jo 10, 10).
É o caso da paz. Quem não a tem ou não a vive sabe melhor o valor que ela representa. Cristo, o Verbo de Deus incarnado, é o Príncipe da paz (Is 9,6). Quando, depois de ressuscitado, aparece aos seus discípulos, diz: «a paz esteja convosco» (Jo 20,21). Não é uma paz passiva, mas uma paz que incomoda e «provoca» gerando acção: «Eu vim lançar fogo sobre a terra» (Lc 12,49). Contudo, é na vivência da paz que se cumpre na vida do Homem o projecto de Deus a seu respeito. A paz com Deus, com os homens, com o mundo e a natureza é a meta que buscamos[4].

É ainda o caso de muitos outros valores…

Valores do Mundo vs. Valores do Reino

Os valores do mundo não se confundem com os valores do Reino novo que Cristo, na terra, veio instaurar (1Co 17-31). Alguns são comuns; outros são divergentes e até antagónicos. Contudo, o que é verdadeiramente humano é também verdadeiramente cristão.
Os discípulos de Cristo não se afirmam no mundo como uma «força de bloqueio negativa». Nem tudo o que existe na humanidade carece de alteração. Isto é, há já, no seio do mundo, sementes do Verbo[5], e Deus fala aos Homens de múltiplas formas. O cristão busca a capacidade para discernir a presença de Deus nas coisas quotidianas hodiernas, sabendo que a novidade cristã, por vezes, implica cortes e mudanças.
Como objectivo, tentaremos olhar o mundo com os olhos de Deus, percebendo quais os valores que aí existem que servem a lógica de construção, na terra, do Reino de Deus. Identificaremos também o que falta ainda adquirir, traçando itinerários que preencham essa lacuna.

Valores do Lobito e do Escuteiro Cristão

Os lobitos e escuteiros vivem em torno de um ideal. Esse ideal está sintetizado nos princípios e leis assumidos. Por isso, como forma de redescobrir os valores escutistas cristãos, propomos a reflexão e aprofundamento do sentido da Lei do Lobito e da Lei do Escuta, bem como das respectivas Máximas e Princípios.
No olhar demorado sobre esse tesouro que a tradição escutista nos legou, encontraremos a nossa missão na defesa dos valores perenes, segundo a vontade de Deus.
2.ª Etapa: VALORES – 2009/2010;

Propomo-nos seguir o exemplo de Beato Nuno de Santa Maria
Queremos viver valores passo a passo;
Caminhar é viver valores;


O Beato Nuno viveu em busca de valores. Encontrou primeiro os valores deste mundo e lutou por eles. Foi um grande defensor da Pátria, da unidade, da honra, da dedicação e do serviço. Numa segunda fase da sua vida, o Beato Nuno descobriu valores ainda mais altos. Cativado pelo amor de Deus, decidiu, ele próprio, ser reflexo desse amor junto dos outros. Entregou-se à oração sem nunca perder a preocupação concreta com os mais necessitados. Descobriu que, na lógica do Reino de Deus, é maior aquele que serve (Mc 10,43), é exaltado aquele que se humilha (Mt 23,12).

[1] BENTO XVI, Deus caritas est, n. 3.
[2] JOÃO PAULO II, Evangelium Vitae, 6-8, 49-51, 70-71.
[3] JOÃO PAULO II, Familiaris Consortio.
[4] CONCÍLIO VATICANO II, Gaudium et Spes, n.77-78.
[5] S. Justino (século II); CONCÍLIO VATICANO II, Ad Gentes, n.11.

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